a relatividade das pequenas

quarta-feira, fevereiro 18

Fernando Pessoa através da Tese da mãe: “se mover-se é viver, dizer-se é sobreviver.”
Mais adiante ela escreve que “não há nada de real na vida que não o seja porque se descreveu bem”. Intrigante.

Nomes de peso.
Leio na Contracapa que a Vera Chaves está instituindo sua própria Fundação, em sua casa em Viamão. Ela é ótima. Fiz um trabalho com ela para o Instituto Cultural Itaú, que era uma retrospectiva da arte brasileira anos 70 e o curador, o Paulo Sérgio Duarte, precisava de alguém para organizar a parte dela e do grupo que ela fazia parte, o Nervo Óptico. Minha querida professora Mônica Zielinsky me convidou e, como se não bastasse, ganhei uma bolsa de couro da minha mãe para ficar mais elegante, sério. Ainda fui pago e o dinheiro foi para o porquinho inglês.
Fui conhecê-la na sua galeria Obra Aberta, talvez a única do gênero em Porto Alegre e que está no “corredor cultural” da cidade, a Galeria Chaves (sim!) na apocalíptica e nostálgica Rua da Praia.
Apesar de muito estranhamento de ambas as partes e de o nosso primeiro dia de trabalho ter sido iniciado com aviões penetrando torres gêmeas em mais um dos dias do juízo final, tudo transcorreu muito bem. Em uma sala de arquivos reviramos caixas e vidas de um grupo muito interessante de pessoas que faziam arte conceitual ou não.
Acabamos catalogando mais de cem obras, com ficha técnica e tudo. Foi extremamente gratificante.
Cheguei a falar com ela um pouco antes de vir. Ela me perguntou se eu sabia o que iria fazer aqui e respondi sinceramente que não fazia a menor idéia. Ela me desejou boa sorte. Talvez tudo seja uma questão de sorte.

Aliás, os nervos ópticos da rua da praia. Saindo da casa da mãe na Independência, move-se em direção ao rio. Passa-se pela Senhor dos Passos, onde está o Instituto de Artes da UFRGS. Mais adiante a galeria Obra Aberta, na galeria Chaves. Há o prédio onde era a “Força e Luz” da Ceee que virou-se para a cultura. Na praça da alfândega tem os cofres abertos do Santander Cultural naquele prédio que por si só já vale o deslocamento. Lá a expo Impressões, só de xilogravura, que é muito boa. Encontrei trabalhando um ex-colega com uma camiseta escrito “mediador”. Mediamo-nos um pouco e ele disse que querem mudar o nome do cargo para “educador”. Sugeri “leitor”. Estão lá agentes de segurança com caras de agentes de segurança e rádio tipo Madonna. Contei-lhe que meu trabalho aqui era um pouco a mistura dos dois, mediador e segurança. Mas é melhor não espalhar a idéia, senão um perde o emprego. Mas é engraçada essa idéia. No meu tempo de Bienal do Mercosul o nome era “monitor” e os homens de preto tb transitavam. Existem espectadores que precisam ser apartados das obras mesmo. Mas o risco é sempre crítico. Às vezes a leitura é muito rápida e o estrago está feito. Vigiar, vigília. Lembro uma anedota do Eduardo Galeano: em um quartel, havia uma posição onde um soldado vigiava uma cadeira, sem saber o porquê. Descobriu-se que muitos anos antes ela havia sido pintada, e um dia a tinta foi fresca.



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