a relatividade das pequenas
quinta-feira, dezembro 11
O curta Perfeição é um excluído entre os excluídos. Ou não: está dentro de uma roda cujo círculo o exclui, mesmo estando inserido. Isso, como os sentimentos de culpa e regozijo, lembra-me que estou voltando para a minha cidade natal.
Salve, Rafa.
Lembra do Garajito? Prêmio amigos da noite? Roubaram a nossa taça, porém.
E mais incrível, todo ano alguém fatura mais um Nobel e mais de um milhão de dólares pelos livros que escreveu. E todo ano várias pessoas faturam vários prêmios. E todo ano várias pessoas realizam festa de formatura e pensam no futuro.
Mas jogar não é bom. E fazer não deveria ser competir.
A parte construtiva do processo é conseguir realizar, óbvio. Mas daí vem o mecenas a salivar pompa e a circunstância, distribuindo prêmios de chocolate.
Umph!
Mas é assim que levamos a vida: apertando-nos nos moldes das circunstâncias.
--
Ontem consegui finalmente conhecer aquela galeria nova na Piccadilly. Está rodeada pela ostentação da Royal Academy of Arts, o hotel Ritz, aquela loja brega Fortnum and something, e lojas que só vendem caviar, artigos turísticos, livrarias, tapetes persas, cafés, enfim, é um bom clichê de Londres por onde passo sempre que vou trabalhar.
O prédio da galeria Hauser and Wirth por si só é clássico, rico e fica ao lado de uma igreja. Mas eu sabia que veria o americano Paul MacCarthy, que sua obra é doente e até verdadeira, por isso envolvente e repugnante. O nome da expo é Piccadilly Circus.
São projeções de vídeo e instalações a partir de performances escatológicas. Porém, ao invés de escrementos, órgãos e vontades que nossos corpos insistem em demonstrar, o artista usa o disfarce, por que além de mais nada ele é um artista, então entende tudo de ilusionismo. Daí, ele e suas assistentes usam máscaras de Rainha, Bush, Bin Laden, e quebram tudo e banham-se em molho de tomate e simulam sexo, dança e chá. O local costumava ser um banco e ele usou vários elementos da instituição, como a chamado para os caixas “vá para o caixa um, vá para o caixa dois”. Assim descrito parece óbvio, mas é irresistível. As ações não tem aparente lógica, mas há sempre alguma coisa sendo feita com um objetivo em suas performances. Como quando observamos crianças montando suas abstrações a partir coisas funcionais. Você quer ver até que ponto vai aquela menina seminua de máscara, (com um rádio, ouvindo instruções) carregando potes de ketchup, subindo em caixas, montando mangueiras e baldes, para alcançar para o homem (que deve ser ele) que baixa as cuecas e cobre-se do líquido viscoso e vermelho, fazendo desenhos com isso, e gemendo baixo uma aflição.
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Sobre o que conversamos ontem...
A química e a alvorada estão logo ali, Consu. Por isso encontramos o amor antes da nossa volta pelo mundo.
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Salve, Rafa.
Lembra do Garajito? Prêmio amigos da noite? Roubaram a nossa taça, porém.
E mais incrível, todo ano alguém fatura mais um Nobel e mais de um milhão de dólares pelos livros que escreveu. E todo ano várias pessoas faturam vários prêmios. E todo ano várias pessoas realizam festa de formatura e pensam no futuro.
Mas jogar não é bom. E fazer não deveria ser competir.
A parte construtiva do processo é conseguir realizar, óbvio. Mas daí vem o mecenas a salivar pompa e a circunstância, distribuindo prêmios de chocolate.
Umph!
Mas é assim que levamos a vida: apertando-nos nos moldes das circunstâncias.
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Ontem consegui finalmente conhecer aquela galeria nova na Piccadilly. Está rodeada pela ostentação da Royal Academy of Arts, o hotel Ritz, aquela loja brega Fortnum and something, e lojas que só vendem caviar, artigos turísticos, livrarias, tapetes persas, cafés, enfim, é um bom clichê de Londres por onde passo sempre que vou trabalhar.
O prédio da galeria Hauser and Wirth por si só é clássico, rico e fica ao lado de uma igreja. Mas eu sabia que veria o americano Paul MacCarthy, que sua obra é doente e até verdadeira, por isso envolvente e repugnante. O nome da expo é Piccadilly Circus.
São projeções de vídeo e instalações a partir de performances escatológicas. Porém, ao invés de escrementos, órgãos e vontades que nossos corpos insistem em demonstrar, o artista usa o disfarce, por que além de mais nada ele é um artista, então entende tudo de ilusionismo. Daí, ele e suas assistentes usam máscaras de Rainha, Bush, Bin Laden, e quebram tudo e banham-se em molho de tomate e simulam sexo, dança e chá. O local costumava ser um banco e ele usou vários elementos da instituição, como a chamado para os caixas “vá para o caixa um, vá para o caixa dois”. Assim descrito parece óbvio, mas é irresistível. As ações não tem aparente lógica, mas há sempre alguma coisa sendo feita com um objetivo em suas performances. Como quando observamos crianças montando suas abstrações a partir coisas funcionais. Você quer ver até que ponto vai aquela menina seminua de máscara, (com um rádio, ouvindo instruções) carregando potes de ketchup, subindo em caixas, montando mangueiras e baldes, para alcançar para o homem (que deve ser ele) que baixa as cuecas e cobre-se do líquido viscoso e vermelho, fazendo desenhos com isso, e gemendo baixo uma aflição.
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Sobre o que conversamos ontem...
A química e a alvorada estão logo ali, Consu. Por isso encontramos o amor antes da nossa volta pelo mundo.
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