a relatividade das pequenas

quinta-feira, fevereiro 13

Os veados ou cervos ou sei lá da capa do Pet Sounds eu desenhei. Sozinhos. Ao invés dos Beach Boys eu escrevi o título de duas músicas do disco: I just wasn’t made for these times e Let’s go away for a while. Lembram aquela escultura com renas (?) Do Nauman. Tudo sempre vai lembrar alguma coisa porque foi movida por outra.

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Pra onde vai o mundo, vai todo mundo.

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eu vivo em pleno terceiro mundo (sim, o conceito errado) em Londres.
Minha morada, um lugar lamentável.
Densidade demográfica não democrática. Ditadura das massas.
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onde cair vivo?

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O nome do vídeo é Rebelião das Massas, e mostra uma pessoa participando de uma manifestação coletiva. Sozinha. Está gravado além da memória. Mas ainda não selecionadas as partes e combinadas de forma a compor uma melhor apresentação e subsequente fruição por parte de alguém cujo gosto desconheço.

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Fomos ver trabalhos recentes de Chuck Close na White Cube e era o mesmo Close das reproduções. Pareceu menor, apenas um efeito. Na sala menor da galeria estava uma exposição (que não estava no jornal) da Louise Bourgeois. Ela sim me faz querer rasgar e amassar.
Antes havíamos visto uma expo coletiva contemporânea e foi muito fraca. Não deu nem para rir, o que parece ser um critério valoroso aqui em Londres. Então não rimos. A galeria Vitoria Miro é linda, vale a viagem. Os trabalhos pareciam uma caricatura de arte contemporânea adornando o espaço.
Então depois Bourgeois.
Eu sou extremamente condescendente com arte, mas certas comparações são fatais.
Coisas palpáveis. Realmente irônicas porque tocam em feridas reais, cujo sentido nunca vai ser entendido, apenas tocado, sem ser vencido. Não é arte heróica. Não é arte inteligente. Vive numa profundeza além do racional, e por isso é humano.

“What modern art means is that you have to keep finding new ways of expressing yourself, to express the problems, that there are no settled ways, no fixed approach. This is a painful situation, and modern art is about this painful situation of having no way of expressing yourself. This is way modern art will continue, because this condition remains… It is about the hurt of not being able to express yourself properly, to express your intimate relations, your unconscious, to trust the world enough to express yourself directly in it.”

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Gospel

Huge correction: Resonance FM. Não sei se é ela que ouço agora, quase nunca se sabe certo. Nunca se sabe nada certo. Enfim, uma missa é o que ouço, que é engraçada porque tem um tom de canto gregoriano misturado com latim e inglês e um leve toque de orientalismo. Ou seja, estou perdido. Acontece que tem rádio aqui para todos os povos. Muita música indiana, caribenha, turca. Vai que é um ritual mesmo e que estou ouvindo com ouvidos experimentais como se fosse a rádio, “art of listening” como se intitulam. Estava achando bizarro, irônico, caricato, profundo, transcendental e sarcástico. Mas o que é um ritual visto de fora? De qualquer forma, o propósito da rádio está cumprido. (E não era. Parece romeno).

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Não acho que a filosofia pode ser substituída pela arte. É até meio bobo discutir isso hoje. Para as nossas angústias talvez não existam remédios mesmo, só formas diferentes de escape. E ainda a arte pode ser uma perigosa radicalização de codificar tudo, dar significado e forma à tudo. Arte é arte, só.
É ela a criação de novas formas de dizer as mesmas coisas? Tem quem diga sim.
Godard disse que é a exceção da regra.

E se fosse a materialização da vontade de fazer arte?
Coisa em si.



È um aspirador de pó molestando sua cabeça.
São meus dedos comidos.
Mas pode ser a vontade de não dar significado ao mundo.
Papéis com desenhos na parede. Papel de parede.
È uma prótese.
Placebo.
Pode ser a radicalização do cotidiano, como hiper-realismo.
O anti-cotidiano, o anti lugar comum, o anti entendimento, o anti senso antítese
O anti técnico, o anti especializado.
Não sei que isso possa ter a ver com morte.
Anti comunicação
Escapismo talvez. Mas por escapar leio dar um passo à frente, ou para trás, para ver de outra forma. Isso em tese, sempre.
Não se foge do mundo, ele é que foge de nós.
O mundo nos foge.

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Minha cabeça pende na parede como um animal caçado.
É a morte.
É uma foto.
Meus dedos comidos. O fim (os fins) da angústia.

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Fiz um livro. Que a Marina pudesse ler. Ela tem 7 anos. Uma carta de 50 e poucas páginas que desenhei e escrevi num impulso só. Só vou fazer isso agora. Não confio em ninguém com mais de 7.






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