a relatividade das pequenas

sexta-feira, outubro 11

A Royal Academy of Arts mostrou 20 galerias não se esforçando muito para mostrar arte contemporânea londrina. Talvez um charme charmoso. A exposição não tem representações atropelando-se pela exuberância, excesso ou displicência perfeccionista, mas o que elas tem de sobra e querem mostrar. Portanto pode ser bem ruim e bem bom mesmo. Mas algumas largaram as paredes reais da academia para os artistas brincarem, então um foi lá e grafitou um texto anti-imperialista. Outro foi e imprimiu xilogravuras com papagaios na parede. Acho que esses sentiram o peso da instituição. A morte, a ruptura do cordão. Alguns desenhos vagabundos. E bastante tela. Anish Kapoor em uma obra para engolir um observador de cada vez, ao contrário da (m)ega(o)-instalação que ele pôs na Tate. Aquela engole formigueiros gigantes.

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Sigmar Polke. G Richter. Kiefer. Beuys. Estou bebendo. Quero enterrar um livro no jardim. Quem me impede? Quem?
Uma vez disse ao meu pai que queria ser poeta. Ele disse “que bom”. Nunca mais pensei no assunto.
Outro dia estava com certa reverberação de bebida, e quando estou assim tenho idéias que faço de conta que não conheço no dia seguinte. Passo reto. Mas elas acreditam que a coragem é mais forte que o medo e, inconvenientes, me puxam para lembrar casos antigos.
Morou em Londres um artista plástico brasileiro chamado Rafael Barros que foi exilado pela ditadura em 70. Um documentário sobre um problema que ele teve com o governo londrino, e óbvio, sua obra, foi encontrado. Consiste em uma entrevista, imagens de performances, pinturas e desenhos que ele fez aqui. É bem interessante porque é sarcástico e poético. O problema que ele teve foi sério e ele acabou indo embora para o chile. A acusação foi a de ter usado cinzas de cães nas performances. Não se sabe até hoje se eram afinal cães ou cinzas de pessoas, reis, celebridades ou cinzas de ninguém. Enfim. Mas ele declarou no dia da performance que eram cães abandonados. E que o rio ligava e universalizava o impossível.
Mas na época houve um desaparecimento de cães que saiu nos tablóides e eles adoram os bichos e já queriam queimar o artista na fogueira sem jogar no Thames.
O documentário é curioso, porque o entrevistador faz as perguntas para ninguém. Sabe quando o jornalista faz os contraplanos para editar depois? Pois é assim que aparece no filme.
Imagens de cães em parques londrinos belos são fartas, bem como closes nos olhos do artista e nas suas mãos, forçando uma genialidade típica de entrevistas com artistas conceituados. Mas esse Rafael Barros tinha um carisma caído, um olhar perdido, uma reivenção de si preocupante que o fazia muito humano e perto da confissão. Mas seu discurso era bastante relevante e sua situação mais ainda. O nome do filme é Arte Moderna.




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