a relatividade das pequenas

domingo, outubro 20

Rituais que dão fundamento. Algumas coisas que se você tocar queima.

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Saudade. Sol nascendo.

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DIVERSÕES ADULTAS

Documentação e invenção biográfica. A vida como arte conceitual. O banal tornado estranho. Desenhos como compreensão do mundo. Auto referencial em contraposição às coisas. Tire o ego do caminho. Existe uma forma de ser auto biográfico sem mencionar a si próprio. Como uma forma de entender a vida individual como parte de uma coletividade, ou ajuntamento de coletividades. Cada pessoa é uma combinação distinta. Isso basta para ser muito interessante enquanto transcendência.

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MARS BLACK

International Klein Blue. Mars Black, Windsor Green. Nomes de cores, estrelas, constelações, terras, lugares, idéias. Patentes, descobertas, apropriações, curas, vacinas, antídotos, pesquisas, contrapartidas, méritos, teorias, método, origem, descendência, nome, reciclagem, criatividade, poder, atenção, caminho, margem e limite.

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Tem um artista espanhol que se chama Santiago Sierra que fez uma série de trabalhos polêmicos que inclui pagar um pico para junkies e em troca eles recebiam o nome do artista tatuado na bunda (podia ser “Salvador”). Ou pagar um programa com prostitutas para tirar o molde de suas vaginas e expor em white cubes da vida. Ou pagar mais que o mínimo pago para trabalhadores masturbarem-se. Pode-se pensar em dignidade, performance, crítica. Ele fez recentemente uma abertura de exposição aqui em Londres em que lacrou a galeria com uma cortina de ferro. Os convidados ficaram na rua, sem drink. Chamou-a de “20 milhões de mexicanos não podem estar errados”.

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Outro “Truísmo” do catálogo da Documenta:
‘The subjective dimension of the historical experience and proof of the ethical concerns that are the backbone of all artistic work.”

Faria adesivos coloridos com estas frases.

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A pessoa certa
A hora certa
O chiste certo
O momento certo
A tinta certa
A parede certa
A casa certa
A família certa
A moldura certa
O lugar certo.

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Dear Paulo

Salve. Que bom que você leu o solitário site que a Consu insistiu para que eu fizesse e no final (e como sempre ela tem alguma, senão toda, razão) me dá muito prazer.
Continuo achando que quem vê blog não vê coração, mas encaro esses sites que temos como uma sinceridade intelectual. Ou mesmo um programa de intenções, que apresentamos a quem quiser mas que só à alguns traz sentido. Eu tenho uma representação pictórica de muito do que escrevo, que são esses livros que estou pintando. Um suporte novo? Talvez não, talvez uma evolução das paredes de Altamira e mais uma vítima da história da arte.
Um artista americano falou que o paraíso acontece sem alarde, em alguns instantes que passam e não podem ser descritos ou reproduzidos. Entendi como paraísos instantâneos. Eu, como mau ateu, penso na relação que o ateísta tem com a transcendência, que afinal tentamos praticá-la em vida com o devido respeito à fé alheia. Os santos são a humanização do divino talvez, e coisificação do etéreo, do mental. A Arte é isso também. É materialização das idéias. Por isso e por milhares de outros fatores que vão desde uma educação católica até uma identidade sincrética latino americana, eu pintei essa oração, em inglês, que acrescenta a minha experiência de estar em terra estranha, e pintei a oração ao Santo Expedito, que é muito “usado” literalmente e que é uma contradição ao dito popular e filosófico de que a fé é a última que morre. “ ...atendei o meu pedido (fazer o pedido) ajudai-me a superar essas Horas Difíceis. Devolvei-me a Paz e a Tranquilidade. Serei grato pelo resto da minha vida.” Que é bem curiosa pelo caráter urgente e até um pouco mesquinho e cego da nossa finitude. Mas eis que esse tb é o santo a quem temos imagens com velas em nosso quarto, o que é um sinal de conversão? Esse tb é o santo da multiplicação de imagens, da reprodução, do milheiro a 35 reais na gráfica. Enfim. O poder das palavras, o poder dos clichês, o poder da linguagem, e o poder de por fé nas coisas, arte, viagens, empreendimentos, felicidade. Escrevi sobre isso porque você é uma pessoa muito boa para conversar e principalmente boa de se ouvir falar sobre as combinações casuais e causais da vida e das enciclopédias. A porta não está sempre aberta, tentamos ver através dela, ou entender ela mesma, enquanto porta e coisa em si.

P.S. quem está enterrado em Paris? O São Francisco de Assis? E o que é a atenção sobre os detalhes, um texto, uma oração? E quem falou que só é possível filosofar em alemão? O melhor dos abraços. Saudades, Pablo.

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Fazia tempo que não olhava para o céu. Então achei bonito.
E parecia um céu de uma década atrás, porém mais fraco.
E fazia tempo que não olhava para o céu. Então achei mais bonito. Parecia o céu de uma década atrás.
Então fazia tempo que não olhava para o céu, lá atrás no pátio. E era mais bonito que o céu passado.
É isso: céu, passado, pátio. Não está mais aqui quem falou.

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Uma folha branca enterrada. Folhas avulsas de Beuys com folhas avulsas de uma planta avulsa da história. Estou esquecendo e não tenho referência do Trabalho do Nauman em que uma placa escrito algo do tipo “uma rosa não tem dentes” era afixada a um caule de uma árvore crescendo e com o tempo o mesmo caule engolia a placa.
Tenho pisado em cascos de lesmas no pátio que leva ao meu canto e não gosto nem um pouco. Muito menos da morte e do barulho que ela faz. Barulho de casca, não de animal morrendo.

Sonhei com uma morte dramática, uma pessoa era encontrada de forma trágica, e instantes atrás um avião caía muito próximo. Era uma questão de gritar a infeliz descoberta com lamentos e indagações com vira-se e ver um avião explodindo. É claro que a pessoa era mais chocante.

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Local artists, local saints, Explanada Fortunata is not my name.

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Amanhã estaremos todos.

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encyclopedia
A beautiful flower, for example, is a copy or imitation of the universal Forms “flowerness” and “beauty.” The physical flower is one step removed from reality, that is, the Forms. A picture of the flower is, therefore, two steps removed from reality. This also meant that the artist is two steps removed from knowledge, and, indeed, Plato's frequent criticism of the artists is that they lack genuine knowledge of what they are doing. Artistic creation, Plato observed, seems to be rooted in a kind of inspired madness.

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Deep-rooted
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Universal Studios initially didn’t think much of the title director Terry Gilliam had chosen for the film. They sent him a list of alternative suggestions, including If Osmosis, Who Are You, What a Future!, The Ball Bearing Electro Memory Circuit Buster, Lords of the Files, Explanada Fortunata Is Not My Real Name, Disconnected Parties, Nude Descending Bathroom Scale, This Escalator Doesn't Stop At Your Station, Blank/Blank, The Girl in the House on the Truck That's on Fire, Gnu Yak, Gnu Yak, and Other Bestial Places.
"Brazil (motion picture)," Microsoft® Encarta® Encyclopedia 2000. © 1993-1999 Microsoft Corporation. All rights reserved.

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Colagens. Coisas. Coleções mais coleções. Coleção de livros para a estante engolir. Será que não são mais uma forma de ficar escondido. Pinturas dobradas, dialogando solitárias, dando suas lombadas negras ao mundo.

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Gary Hume na White Cube 1. Glossss. Pintura fácil aos olhos. Cheiro bom de tinta fresca. Na entrada telas pequenas à carvão. Suas telas sobre alumínio tem uma dupla visão: primeiro procura-se a imagem, que é reconhecível, quase parte do nosso subconsciente como quase todas são hoje, mas mais ainda, porque parece tirado de livros sobre jardinagem, contos infantis etc. A segunda presença da tela é a da abundante tinta, que parece mover-se, e que podemos mergulhar nelas. Não decifra-me, não vou te engolir.

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Pequenos imagens ampliadas e impressas com baixa definição. Baixa resolução, irresolução. Frases sem lógica, não-sentenças, palavras pintadas.

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No final do 24 hours party people tem filme (?) colorido que parece pintura se mexendo.

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Transposição. A perda da transposição. A perda do sentido, do fundamento, da origem, do porquê, do tema, do foco, do assunto, pergunta com pergunta, respostas com perguntas embutidas, hipertexto.
As matrizes estão perdidas. Ou matrizes das matrizes. Afresco, rascunho- estandarte, mural. Imprimo na tela, lugar sacro, através de folhas avulsas. Não há exatamente uma matriz nessa impressão. Mas quero guardá-las. A monotipia deformada, uma linha nova. A tela deforma a matriz, o papel. O uso deforma o fundamento. Os conceitos adornam nosso jardim. Doravante não há cópia. Baudrillard again and again. A cópia funciona melhor que o original. Então a origem transveste-se de cópia para tornar-se original.

A história da tela, suas camadas dão-se por impressões de campos de cores.



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