a relatividade das pequenas

quarta-feira, setembro 25

A Mônica Zielinsky. Ela em si é uma beleza que eu fecho os olhos e penso no sorriso. Seu trabalho na Fundação Iberê (que a mãe mandou a foto do projeto como saiu na imprensa) é descomunal e isso não é política. Ela (teima) acredita no trabalho, em algo que se faz passo a passo. Pensar em equacionar a pintura do Iberê, principalmente no contexto cultural brasileiro e periférico como o Portoalegrense, é árduo. Por que?
Eu queria dizer tanta coisa para ela pessoalmente. Ela me disse que gostaria de saber das coisas que eu viria a fazer e eu recebi isso com uma força maior que a respeitável mas até certo ponto limitada relação professor-aluno. Minha mãe anotou as coisas que ela dizia na minha banca de graduação, enquanto eu mexia nos dedos. Foi um momento exo-uterino que carregarei sempre na retina.

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Freud é o Iberê daqui. Como um pintor institucional mas rebelde em si. Bacon era um rebelde na forma. Eu vi mais do Auerbach e está mais próximo do Iberê: camadas de óleo, pincelada sobre pincelada, violência, compenetração e mergulho.

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luz. Não é tudo, mas quase. A Não é o que é visto que importa somente. Espelho cego do Cildo. Uma tela com uma descrição da própria imagem. A Origem do Mundo é uma vagina em primeiro plano em uma bela pintura do século 19.

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I fly so high and fall so low. (Moby)

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Estou pintando a primeira tela desde julho de 2001.

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Acordar para dormir. Acordar do sono dogmático. Fazer o que se conhece.

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A escassez de tocadores de tuba.

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O livro do tempo e das indefinições

Faz dias que estou pintando a tal primeira tela desde julho de 2001. E descontente com os resultados chego à algumas idéias, como: a sobreposição de camadas chegando à tentativa de sumir com as figuras é um reflexo da minha personalidade. Pois, acho que vou seguir com isso. Niilismo. Somos efêmeros.

Não estou conseguindo apagar a figura inicial, que não diz muito, mas é uma foto que a Consu tirou das meninas num momento bonito, então acho que isso diz mais para a vida do que qualquer coisa, por tratar de felicidade, e não sei atrás do que mais estamos.
Mas comecei outro quadro que é um caminho distinto, mais abstrato, que de cara ficou melhor aos olhos. De identificável apenas o que parecem ser pessoas gritando e que quero chamar de Paraísos Instantâneos- Coro Para o Sto Expedito. Fiz a partir de um desenho em folha avulsa, onde passo um pincel cheio de tinta a cada vez que quero usar a imagem, então é uma monotipia que lembra stencil. Mas cada vez que passo a tinta a imagem fica diferente pelo traço que imponho. Eu adoro desenhar e adoro manchar. É mais colorido e então parto para uma pesquisa de cores que tb é desafiador. Vou usar um livro para imprimir as manchas tb, então muitas etapas ficarão registradas. Será meu jogo com o rigor e com a auto-catalogação. Além do mais eu gosto muito de ficar olhando essas formas que os campos de cor produzem.
Mas de modo geral estou num limbo pantanal. Ao menos estou em algum lugar. Antes, só como trabalhador de restaurante eu era um vulto executando um serviço.

Eu não quero o caminho mais fácil, mas cheguei a um ponto perigoso da vida. Eu preciso agir por impulso seguindo a mínima brecha de claridade que eu descobrir. Eu preciso reconhecer meus limites e minhas fraquezas. E ser menos egoísta é tudo de mais importante.
A leveza tb vem com a seriedade no entanto.

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Mau com jogos. Maus jogos. Mau jogador. Por que fazemos isso, ou aquilo ?
O seu par ou o meu ímpar? Dentro fora, dentro fora. De onde você é? Carrego comigo o que na sua bagagem não está. Eu não trago a sua bagagem, sua estrela, seus pés nem suas mãos. Eu não carrego eles também.

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Dei um tempo nas duas telas que me olham inacabadas feito transformação genética mal sucedida. Volto para os papéis. E adoro. Penso que ao menos desenhos me fazem bem e me sinto mais livre. Estou registrando manchas e esboços num livro de capa dura, bonito, e faço manchas numa linguagem pop.
Outro dia caminhamos por nosso bairro e vimos muitos tipos diferentes: muitos judeus ortodoxos e suas tranças e chapéus gigantes, e um grupo deles lotando um minimercado. Então olhava-se de fora aquela estética de mercadinho e banalidades com uma invasão de homens de preto com chapéu gigante e suas crenças. Mais adiante em um pub a mulher cantava acompanhando a letra num video enquanto um cara a olhava. Outros viam futebol na tv, sem legendas. Então chega-se em Seven Sisters, onde a comunidade negra impera, desde yo até Islã.
Diante dos papéis tive vontade de registrá-los. E o faço aos poucos. Outra estética bem interessante no meu circuito são as lojas de artigos eróticos e inferninhos do Soho, bem como as lojas com pinturas bacanas na Regent st. No caminho para a estação passamos por uma galeria com telas grandes na parede, dois bares com telas legais e por esta loja com vitrines Pop. Estávamos conversando com um Ucraniano mas não conseguia fixar-me no assunto, só nas janelinhas para a dimensão das paredes com pinturas e atmosferas e fins distintos. Isso é foco ou desfoco?



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