a relatividade das pequenas

domingo, maio 11

Noite de sábado. Noites de Padre Reus, Santo Expedito. Velas infinitas. Tudo pode acontecer, mas não agora. Que sábado seja. Terceira garrafa de vinho (três unidades, não?) Amanhã de novo a mesma coisa de metrô, trabalho, casa. Que seja sábado.

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THE FACTS OF LIFE
Meia hora de folga, sala dos funcionários, domingo, jornais amontoados na mesa, todos lêem (o tempo inteiro, a informação). Pego um Sunday Times: The Facts of Life, a origem das bandas (brass bands) data do começo do séc. 19 na Inglaterra da revolução industrial, quando os empregadores começaram a financiar bandas de funcionários para desencorajá-los de participar de atividades políticas nas suas horas de folga. Era o caderno de cultura.

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Onde estará minha camiseta da Mônica num carro escrito zuuumm e meu boné da Texaco que eu usei em Tramandaí em 79?



segunda-feira, maio 5

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ENTRE AS FOLHAS BRANCAS E A INTENÇÃO

Cheguei no bar que estava cheio. Encontrei uma salinha vazia e sentei o sofá. The Foundry library. Folheei um livro à mão, sobre a Vivienne (?) Westwood, que disse estranhamente que um mundo sem Malcon McLaren era igual a um mundo sem o Brasil. Sério. Mais uns blocos de notas com folhas em branco e um spot de luz. Uma mulher entrou, olhou os livros. Suspeitei que era uma instalação artística. Ela chutou meu copo que estava no chão. Meia hora depois uma vernissage fez-se ao meu redor.
Eu e meus amigos estávamos atravessados no meio da sala, como que no meio do “evento”. Meus brios de assistente de galeria se contorceram. Vi que o cara que parecia ser o autor ficou incomodado. Não havia espaço para os amigos dele. Eu fiquei incomodado e desperdicei outra pint de Stella. As vezes a arte consegue incomodar, mesmo sem querer. E o nome do cara era Pablo.

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FICÇÔES, ou Eu Tenho Visto Muitos Filmes

O homem chega no parque, olha em volta e senta em um banco. Seu celular toca. A pessoa lhe diz do outro lado da linha:

“Eu posso lhe ver. Você não pode me ver. Trouxe? Mostre. Ok. Sim. Agora escute com atenção: não olhe para trás. Se você não fizer o que eu mandar, você não terá mais suas memórias, entendido? Diga-me, porque isso lhe é tão importante? Ah, sim, são suas, claro. Sinceramente, é tão trivial, banal até. Não existe nada ali que mereça muita atenção. NÃO OLHE PARA TRÁS. Tem um texto ali que você conta um sonho corriqueiro, em que está caindo. Isso é muito original, realmente. Em outro você conta que odeia essas atividades de grupo que servem para quebrar o gelo, e cita aquela coisa de jogar o corpo para trás e confiar que irão lhe segurar. Aquele alívio por ser agarrado antes da queda. Pois bem. Não olhe para trás. Levante. Caminhe dez passos. Agora feche os olhos. Você vai cair para trás. Caia. CAIA!”

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Galeria com movimento de galeria, ou seja, pessoas vêem e vão, olham, te olham. Atrás de você uma porta que deve ser bem resguardada pois há os desenhos do da Vinci em molduras mas fora da parede, então a ordem é atenção total. Roubaram quadros de uma galeria em Manchester, Picasso e tal. Acharam no lixo. Que trilha para o Rebelião das Massas? Vale editá-lo? Mais quinze minutos e vou para Ticket collection, outros 30 lá depois break. No quadro do Vermeer está escrito no piano: música companhia para o lazer, remédio para o sofrimento, ou coisa parecida. Essa Sarah é meio louca. Ela é a outra warden na sala. Me pergunta o que faço para me entreter. “música, clubs e atirador de facas amador”. Não, ela diz, aqui, agora, nesses 30 minutos.

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A internet tornou-se um substituto para o jornal, para a TV, e outras familiaridades bizarras. Infelizmente, nesses anos todos em que navego, meu barco está sempre à deriva. Não encontrei nada muito “favorito”’, mas sim inércia. Posso atualizar meu blog e tal, mas não é procura, é ego, e de mim estou cheio, substancialmente.
Claro, pesquisa! É ótima. Meu emprego devo à ela. Quando pesquisador do CNPq, passava mais tempo no computador que na biblioteca (intelectuais me mordam). Tudo sem fundamento, mas chegava nas reuniões com pilhas de coisas que estavam acontecendo. Queremos fazer uma revista online, e tenho certeza que há uma lacuna para ser preenchida. Querer, querer, fazer.

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Não há paz aqui. Minha cara vida em Londres. Meus dedos auto-destruídos.

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Que joguem buraco.
Paciência.
Dardos voadores.
Dores.
Pelo prazer de acertar.
Sinuca.
Paus e bolas.
Palavras que se cruzam.
Dados que combinam.
Não quero jogar
Apostar, nem ganhar.
Mas poder criar meu próprio jogo. E errar.

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Take me to your dealer.

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Queria muito ver os festivais em Porto Alegre. Como pequena consolação, vídeos era só o que tinha no Beck’s Future 2003. Artes visuais, audiovisuais. Sinto falta da morta, a pintada, mas não teria mesmo enquadramento no critério daquela curadoria. Alan Curral eu gosto, sinistro, simples, meio abobado, um exemplo perfeito do artista que tememos negar com medo de estarmos eliminando um gênio, mas que perece apenas mais um maluco, parece.

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Numa adaptação de Rimbaud, “Eu, está em outro lugar”.
Daydreamer. É difícil fazer uma coisa quando se está sempre pensando em outra, na próxima. A minha conduta é movida pela inércia de coisas que precisam ser feitas, mas dentro de um espectro variavelmente escolhido por mim. É quando está se fazendo algo absurdo, impensável, como lavando louça num café dentro de um museu de bonecos de cera, pensando em qualquer coisa, sonhando mesmo. Ou assistindo uma aula de filosofia medieval, Santo Agostinho, São Tomás de Aquino, em 1993.
Mesmo um cético acredita em paraísos com virgens, em reminiscências celestiais, em filmes de sua vida passando na pré-estréia da absolvição eterna. O lugar mental que diz “um dia farei isso, um dia isso terá valido”. Esperamos o ano novo.



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